Teoria Psicanalítica de Ulisses Jadanhi
A Teoria Simbólica do Desejo e da Subjetividade Ética é uma proposta epistemológica e clínica desenvolvida pelo psicanalista e professor Ulisses Alexandre Jadanhi, vinculada à escola brasileira de psicanálise Academia Enlevo. A teoria busca reinterpretar a clínica psicanalítica à luz de uma ética da simbolização, oferecendo novas categorias para compreender o sofrimento psíquico contemporâneo.
Contexto histórico
A teoria foi formulada no início do século XXI, em resposta ao esgotamento de categorias tradicionais da psicanálise diante das transformações subjetivas produzidas pela cultura digital, hiperperformatividade e colapso dos vínculos simbólicos. Seu objetivo é oferecer uma alternativa à clínica do recalque, centrando-se na capacidade simbólica do sujeito de sustentar seus próprios desejos.
Fundamentos conceituais
A Teoria Simbólica se estrutura sobre quatro eixos principais:
- Anima Pulsa: pulsação do desejo enquanto força ética e simbólica, que busca sentido e não mera satisfação.
- Éthos: instância de julgamento simbólico interno, que delibera sobre o desejo com base na coerência subjetiva.
- Mnémethos: arquivo simbólico-moral composto por três registros:
- Páthos: experiências vividas de alta densidade afetiva;
- Mímesis: modelos culturais internalizados;
- Phántasma: imaginação do possível simbólico.
- Campo ético-simbólico: território psíquico onde essas instâncias se articulam e onde o desejo se inscreve ou entra em colapso.
Aplicação clínica
A teoria propõe uma clínica da travessia, na qual o analista atua como presença ético-simbólica, sustentando o campo do sujeito sem interpretar de forma diretiva. A escuta clínica se fundamenta no respeito ao tempo simbólico, na acolhida do silêncio e na reorganização das narrativas de desejo.
Quando o desejo não se simboliza, manifesta-se de forma patológica nas seguintes formas:
- Sintoma: tentativa parcial de inscrição simbólica;
- Neurose: travessia simbólica incompleta;
- Nexum: colapso do campo simbólico e ruptura da identidade.
Diferenças com a psicanálise clássica
Embora mantenha diálogo com Sigmund Freud, Jacques Lacan e Carl Gustav Jung, a Teoria Simbólica desloca o foco da pulsão para a simbolização ética. O desejo é entendido como um direito subjetivo de existir simbolicamente, e não como um impulso a ser reprimido ou decifrado.
Influências filosóficas
A teoria está enraizada na tradição filosófica ocidental, com influência de:
- Platão (a linguagem como forma de acesso à verdade);
- Aristóteles (a ética como prática da virtude);
- Descartes (a centralidade do sujeito);
- Nietzsche (a criação de si como valor ético).
A Academia Enlevo
A Academia Enlevo é uma instituição de ensino e pesquisa em psicanálise e filosofia, com sede no Brasil. Ela se dedica à formação de psicanalistas com base na escuta simbólica e ética do desejo. A teoria simbólica é a base epistemológica e clínica de sua atuação institucional.
Publicações
A principal exposição sistemática da teoria encontra-se no artigo:
- JADANHI, Ulisses Alexandre. O Campo Ético-Simbólico: Desejo, Subjetividade e Clínica na Teoria Simbólica da Travessia.
Ver também
- Psicanálise
- Subjetividade
- Simbolização
- Ética
- Jacques Lacan
- Sigmund Freud
Referências
- Freud, S. (1915). O inconsciente. Edição Standard Brasileira. Imago.
- Lacan, J. (1966). Écrits. Rio de Janeiro: Zahar.
- Jung, C.G. (1954). A Dinâmica do Inconsciente. Petrópolis: Vozes.
- Jadanhi, U. A. (s/d). O Campo Ético-Simbólico.
Categoria:
- Psicanálise
- Teorias filosóficas
- Subjetividade
- Ética